I would rather be with trees than in the middle of noisy streets...

domingo, 8 de agosto de 2010

"- Mas, doutor Breuer, esse tipo de dever oblitera um dever mais fundamental: o dever de cada pessoa para consigo própria de descobrir a verdade. Por um momento, no calor do diálogo, Breuer esquecera que Nietzsche era seu paciente. Essas perguntas eram imensamente interessantes e ele estava completamente absorvido. Levantou-se e pôs-se a andar por trás da cadeira enquanto falava.
- Será meu dever impor aos outros uma verdade que não desejam conhecer?
- Quem poderá determinar o que alguém não deseja conhecer? – replicou Nietzsche.(...)
- Mas qual é a virtude de uma verdade impopular, de tornar as coisas difíceis?
Quando deixei meu paciente esta manhã, ele me disse: "Ponho-me nas mãos de Deus". Quem ousaria negar que isso também seja uma forma de verdade?
- Quem? - Agora, também Nietzsche se levantara e caminhava de um lado da escrivaninha, enquanto Breuer caminhava do outro. - Quem ousa negá-lo? - Parou, apoiou-se no espaldar da cadeira e apontou para si próprio. - EU ouso negá-lo!
Ele poderia - pensou Breuer - estar falando de um púlpito, exortando uma congregação. É claro, seu pai fora um pastor.
- Atinge-se a verdade - continuou Nietzsche - através da descrença e do ceticismo, e não do desejo infantil de que algo seja de certa forma! O desejo de seu paciente de estar nas mãos de Deus não é a verdade. É simplesmente um desejo infantil, e nada mais! É um desejo de não morrer, um desejo do eterno mamilo intumescido que rotulamos de "Deus". A teoria da evolução demonstra cientificamente a redundância de Deus, embora o próprio Darwin não tivesse a coragem de levar as evidências até sua verdadeira conclusão. Certamente, o senhor tem que entender que nós criamos Deus e que todos nós conjuntamente agora o matamos.
Breuer abandonou essa linha de argumento como se fosse ferro em brasa. Não era capaz de defender o teísmo..
."

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