"O ciclo da publicidade é o mais enganoso da sociedade de consumo. Os grandes fabricantes de produtos concedem à publicidade importantes fatias de seus orçamentos, mas, inevitavelmente, fazem recair os custos no preço do produto vendido: deste modo, o consumidor é quem paga o caro sistema que o convence a ele próprio de que deve comprar.
Algumas fábricas, como experiência, lançaram produtos com idêntica qualidade de fabricação, inclusive com a mesma forma, mas com marcas diferentes: uma determinada marca foi objeto de grande publicidade de lançamento, cujo custo foi lançado sobre essa dita marca, ao passo que a outra marca careceu dessa publicidade. Se verificou que o consumidor prefere o produto anunciado, embora caro, ao produto não anunciado e muito mais barato.
Aprofundando mais esta experiência, foram lançados no mercado dois produtos iguais com marcas diferentes, o mesmo rendimento e idêntica publicidade, mas com preços desiguais, e se verificou que o público comprava preferentemente o mais caro, em vez do mais barato. Portanto, o preço elevado, sempre estudado para não passar de um limite determinado, faz parte da publicidade.
Existem determinados produtos de grande consumo mundial cujo valor intrínseco apenas atinge dez por cento do preço pago; os outros noventa por cento, desse preço, menos os lucros, são pura publicidade. A aquisição e venda de publicidade é, pois, um dos grandes negócios de nosso tempo."
Eduardo Haro Tecglen
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